Quadrilha movimenta R$ 10 milhões com tráfico de cigarros
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A Polícia Federal (PF) realizou ontem uma nova fase da Operação Amerímnia no Estado, que consistia no cumprimento de oito mandados de busca e apreensão direcionados aos gerentes financeiros de uma organização criminosa especializada em contrabando de cigarros.
Estima-se que a quadrilha movimentou cerca de R$ 10 milhões com o esquema criminoso, que envolvia postos de gasolina, conveniências e empresas de transporte no contrabando de cigarros do Paraguai. Os principais destinos do material contrabandeado eram Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, onde os cigarros eram distribuídos.
Segundo a PF, foram realizados oito mandados de busca e apreensão, cumpridos sequestros de 6 imóveis, 22 veículos e 15 contas bancárias e feita a suspensão das atividades de 4 pessoas jurídicas. Executando os valores das contas bancárias, a PF informa que o montante apreendido soma aproximadamente R$ 1 milhão.
As próximas fases da investigação seguem em andamento, e o órgão preferiu não dar novos detalhes. Além das execuções, uma prisão por posse irregular de arma de fogo foi efetuada em Eldorado.
Esquema
Informações da Polícia Federal apontam que a organização criminosa tinha quatro líderes, chamados de “patrões”.
Logo abaixo vinham os “gerentes”, que faziam a coordenação logística da rota para o contrabando e ficavam encarregados de pagar os “funcionários”, que eram familiares e terceiros, e “laranjas”, que eram empregados de postos de gasolina, conveniências e empresas de transporte utilizados no esquema.
A PF relatou que não há indícios de policiais envolvidos na organização criminosa. No esquema, ainda existiam os “garantidores”, que seriam agentes públicos que informavam os contrabandistas sobre as fiscalizações nas rotas utilizadas pela quadrilha.
A operação foca nos gerentes financeiros do esquema, que já foram condenados por lavagem de capitais, contrabando, corrupção (ativa e passiva), tráfico de influência e formação de organização criminosa.
Receita Federal
A prática de contrabando de cigarros, além de colocar em circulação produtos ilegais, também burla a lei fiscal do País, que arrecada tributos federais (como o IPI) e estaduais (como o ICMS), sobre o preço de venda dos cigarros fabricados no Brasil.
Nos três primeiros meses deste ano, a Receita Federal no Estado apreendeu cinco milhões de maços ilegais de cigarro, o que, segundo estimativa do órgão, totaliza R$ 24 milhões.
Como são itens produzidos em outro país, no Paraguai, o imposto que deveria incidir sobre o produto é de aproximadamente 100%, o que representa R$ 24 milhões em encargos que os cofres públicos deixaram de receber.
Segundo a Receita Federal, a maior parte dos cigarros que entram por MS tem como destino as principais cidades do Sudeste, mas também chegam à Região Sul, principalmente pela BR-163.
“Há alguns anos foi desmantelada uma quadrilha de cigarreiros na região de Mundo Novo, que direcionava sua produção diretamente para o Nordeste do País”, informou o órgão.
Operação Nepsis
A Amerímnia é uma derivação da Operação Nepsis, deflagrada em setembro de 2018 e que visava desarticular o esquema de contrabando de cigarros do Paraguai. A ação abrangeu Mato Grosso do Sul, Paraná, Alagoas, São Paulo e Rio de Janeiro.
De acordo com a Polícia Federal, em 2017, a quadrilha foi responsável por contrabandear 1.200 carretas de cigarros para o Brasil, o que estava estimado em R$ 1,5 milhão.
Na época, foram 35 mandados de prisão preventiva e mais de 40 mandados de busca e apreensão.