• Fonte: Adriel Mattos

Mais de 30% das doses de vacinas contra a Covid-19 em Campo Grande estão sendo aplicados em moradores do interior, conforme estudo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). O levantamento nacional considerou o quantitativo distribuído até 16 de junho.

A equipe do Icict (Instituto de Comunicação e Informação em Saúde) aponta que a falta de uma integração em nível nacional entre o Ministério da Saúde, os estados e municípios pode estar provocando essa distorção e, em consequência, o fato de o número de doses aplicadas em metade dos municípios do país ainda estar abaixo da média nacional.

“As medidas baseadas em tomada de decisão individualizada e sem coordenação e estratégias conjuntas falharam na contenção da doença e no tratamento de casos graves. Decisões que não considerem as redes de atenção em saúde podem colocar em risco a população, que, eventualmente, tem que se deslocar sem necessidade em busca de um atendimento básico que todos os municípios do país têm capacidade de realizar”, diz a nota técnica.

Os pesquisadores destacaram que a busca de moradores do interior por vacina nas capitais se acentuou no mês de maio. Esse fenômeno pode ter prejudicado o calendário de imunização em São Paulo e no Rio de Janeiro. Situação semelhante ocorreu recentemente em Campo Grande, quando a vacinação parou por quatro dias.

Mais pacientes que habitantes

A Capital já lida há vários anos com a alta demanda de atendimento na rede pública com pacientes do interior. Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Campo Grande tem 1,5 milhão de usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) registrados.

Conforme a última estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a Capital tem 906 mil habitantes. E para atender esse volume oculto de pacientes, o orçamento de saúde da prefeitura é quase idêntico ao do Estado.

Em 2021, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) conta com R$ 1,6 bilhão em receitas. Já a Sesau tem orçamento previsto de R$ 1,4 bilhão.